O LÍRIO NO POEMA (a flor e o punhal)

Em arte poética não se pode ser preconceituoso, até mesmo quanto aos vocábulos e vestimentas com que estes se apresentam na peça verbal. O lírio pode nascer do charco e se adensar nos destroços existenciais, bem como aderir à amargura daquele que pinta a flor nos territórios contingencias do poema. A tentativa do novo em Poesia pode até estar banhada de lama, de material pútrido. Porém, a palavra tem de estar solenemente em estado de pureza, mantida a agudeza do aço e o gume do punhal. É como dizia Cecília, em Guitarra: "A maior pena que eu tenho,/ punhal de prata,/ não é de me ver morrendo,/ mas de saber quem me mata."

– Do livro O CAPITAL DAS HORAS, 2014/15.

http://www.recantodasletras.com.br/tutoriais/5097695