O LANCE ORIGINAL (o mundo a salvo das injustiças)

É no cadinho fervente dos entrechoques emocionais que percebo nascer a Poesia. O poema – que é a sua materialidade – é o derramar da vertente estética tracejada pelos signos, pela palavra, produzindo o estranhamento e o deleite belo e prazeroso, especialmente nos ditames do lírico-amoroso. Também, idealisticamente, neste universo de busca, através do chamado poema de temário social: o resgate da liberdade em tempos de negação desta e o cerceamento das injustiças no seio societário. Na cabeça do poeta está sempre a urgente necessidade de mudar o mundo segundo sua concepção intuitiva. Porque cada ser altruísta concebe o real de uma forma diferenciada e quando apresenta soluções são também diferentes e nem sempre viáveis ou exequíveis. Segundo a visão do autor, a cada poema seu o mundo estaria a salvo das injustiças. A peça criada seria o antídoto para o que está errado, a seu modo de ver. O poema, as mais das vezes, é o salvo-conduto que o seu autor necessita a fim de adquirir alguma serenidade para os seus inquietos neurônios.

– Do livro O CAPITAL DAS HORAS, 2014/15.

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