SILHUETA

É em estado de nudez material que concebo a Poética. Nada mais que o traço que a delineia – silhueta pouco perceptível. E o coração bate forte dentro dela. Talvez seja “Comoção” o nome deste espectro vital e que leva-nos ao estado crítico que conduz ao poema e seu emaranhado de sugestões. Quando de seu nascimento, ainda sem a necessária interlocução com o poeta-leitor, ele é mera matéria morta. O teu olho, que traduz o emocional, é que lhe vai dar vida...Vês? Já estou entrando em estado de Poesia. Vou-me, antes que a centelha fuja e me torne enfadonho e repetitivo. Porque a comoção é exigente: é naquela hora em que sentimos o aperto na garganta, e não mais...

– Do livro O CAPITAL DA PALAVRA, 2014.

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