O LEITOR REDIMENSIONA O POEMA

Em regra, na maioria dos poemas de apresentação formal sintética e aparentemente singela, nunca é tão simples assim a interpretação destes, ainda mais quando o leitor é culto, inteligente e afeito à interpretação. É o receptor que vai redimensionar a peça chegada aos seus olhos. O leitor pode alargar e ampliar o que inicialmente parecia tão singelo e sem maior abrangência. A menor ou maior amplitude do texto se dará na cabeça do receptor. Por vezes, o próprio criador da peça artística, em Poesia, se surpreende quanto a tal ou qual abordagem analítica que o leitor atento faz sobre a peça. Quando o receptor é perquiridor e preparado, o poema ganha em abrangência, redimensiona-se. Esta amplitude, nascida do trabalho crítico-analítico, é uma das faces da recriação da matéria da vida, na interseção entre o patamar da fantasia e o mundo factual. Quando esta hipótese acontece, o poema se consagra nos dois planos: o do real e o da inventiva. E passam a conviver – autor e obra – na memória de seus aficionados, os quais são consumidores especiais, possuidores dos fachos que poderão iluminar os caminhos da posteridade. São estes agentes que propiciarão o eventual sucesso do seu criador e a permanência da peça poética na historiografia literária do idioma em que foi escrita...

– Do livro O CAPITAL DAS HORAS, 2014.

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