O LEITOR FRENTE AO POEMA

Tristemente, essa postura de bastar-se – à revelia do leitor – é a regra dominante na cuca da maioria dos autores, especialmente os iniciantes e até na de muitos criadores experimentados. O egocentrismo artístico acaba excluindo o outro polo – o destinatário da relação literária. A rigor, nestas cabeças necessitadas de atenção e cuidados, o receptor inexiste, porque o autor não consegue ver (ou perceber) esta figura fundamental à intercomunicação, em Arte. Vinculo-me a outra corrente de pensamento: a de que o fazer poético é um dos vetores da CONFRATERNIDADE, que pode levar o humano ser a uma convivência mais solidária, produzindo ações fraternas e de justiça social, em oposição ao consumismo, à globalização e à cobiça desenfreada dos dias atuais. Só consigo entender a Poesia como um fator deveras humanizante no campo das interações psíquicas. Fora disto, o fazer poético seria, apenas, TERAPIA OCUPACIONAL. Sem o leitor, sequer se estabelece a relação literária, e a arte poética deixa de cumprir a sua destinação finalística. Obrigado pelas eventuais posições discordantes, pelas quais, mesmo divergindo diametralmente, tenho imenso respeito, merecendo aplausos pela reafirmação do EGOCENTRISMO do ser. Repito aqui o que sempre digo: a minha destinação é funcionar como provocador...

– Do livro O CAPITAL DAS HORAS, 2014.

http://www.recantodasletras.com.br/tutoriais/4678601