O GRÃO DE AREIA

As observações sobre o mérito da relação ensino-aprendizagem em Poética estimulam em muito a continuar a senda de esclarecimento aos novos e aos que fazem boa reflexão sobre a Poesia como arte da Palavra. Sinto-me um forasteiro a cada vez que chego próximo ao covil do Mistério. A voz que exsurge em mim por sua inserção, por vezes, produz o texto sentencial e altissonante. E relembro alguns poetas alemães e da Europa Central, no séc. XIX e XX, como Bertolt Brecht, bem como a sentencialidade e incisividade de muitas de suas peças. Rememoro os textos, e respeitado o grão de areia – que sou – não fujo de compará-los ao alter ego criador que me relata para a posteridade. Há alguns autores e pessoas de bons dotes que estimulam a reflexão e nos incitam ao autoconhecimento. Rogo à Providência pela paciência dos leitores e divulgadores, e, de antemão, peço escusas pela voluntariedade que busca a transparência do sentido. Ainda bem que isso tudo vai ficando registrado nos becos da Grande Rede, à disposição do ferrete do senhor Tempo. Há sempre um alto preço a pagar pela afirmação da consciência crítica. E, extasiado, percebo que a sua voragem de mundo entra nas artérias.

– Do livro A FABRICAÇÃO DO REAL, 2013.

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