O PROVOCADOR

Ainda sobre o meu artigo O POVO EM POESIA, que aparece em http://www.recantodasletras.com.br/artigos/4512333 :

Sim, o tema é muito instigante e permite várias posições. A mais cômoda e talvez a mais sábia, fruto do pensamento dos latinos, fixada através do brocardo "in medio virtus", é a de ficar no meio, portanto sem a ocupação de posição excludente, tal como declaro no citado artigo: para a Poesia de vertente popular, a concessão sem reservas. Para a Poesia de raiz culta, a aplicação da correção linguística e dos cânones estéticos dominantes, sendo muito bem recebido o Novo da inventiva e originalidade, mesmo que ele macule, com gênio e intencionalidade, o vernáculo e a gramática. Negar esta posição concessiva é menoscabar a funcionalidade da própria arte literária. A mim, que pretendo a discussão, não cabe ficar "vendo a caravana passar", porque é do exercício da função de quem deseja que se pense sobre o tema. São os cavacos do ofício. Fico muito feliz que possam entender a minha condição de provocador, de instigador ao pensar. Vou fazendo o que posso para confraternizar com os confrades de forma a que tenhamos uma boa e saudável convivência intelectual, e que se esclareçam alguns pontos que são obscuros na arte do Poético, mesmo sabendo que esta, por si, é a própria fonte da instigação. Então eu procuro entrar no ventre dela – abelha obreira – e beber o mel de suas entranhas... Percebo, sim, que são poucos os irmãos de condenação que se dispõem a passar o que aprenderam. Eu procuro dividir as pedras do caminho e o mel. Funciono como provocador, aquele que instiga à reflexão. Ao espectador da margem, as águas do rio não lhe molham nem os pés...

Do livro A FABRICAÇÃO DO REAL, 2013.

http://www.recantodasletras.com.br/tutoriais/4513750