A BANDEIRA AMOROSA

Sou grato pela fidelidade das leituras e interessantes comentários aos meus suspiros verbais. Sempre fico muito feliz e lisonjeado pelo carinho dispensado e traduzido através dos inequívocos gestos. Os textos não são meus, no rigor da destinação, eles nascem para a fruição do outro polo, a outra ponta da relação literária, aquela que realmente importa. Por vezes, o único bem que a ideia me traz, à hora da inventiva e espontaneidade, é a descarga elétrica que subtrai a pesada inquietação que me acompanha. A Poesia tem sido o meu cajado de esperanças como acabo de dizer para uma amiga próxima, também condenada ao ato e gosto da escrita. Quanto mais o sofrimento me bafeja e fustiga, mais Ela me reergue. Acho que lhe posso dar o nome de Clava Invencível, porque se antepõe a qualquer adversidade momentânea e inoportuna. Minha solidária bandeira de amor é quem me aquece neste frio intenso da invernia de corpo e espírito, onde os meus estão sendo corroídos pela doença física. Aprendo com o mundo e a Providência me aponta inesperados caminhos. Seguimos a trilha dos bem-aventurados e tento ser manso com os meus infernos e muralhas...

– Do livro A FABRICAÇÃO DO REAL, 2013.

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