O SENSORIAL E O COGNITIVO

A percepção do poema é uma coisa, a sua apreensão intelectiva é outra. A intensidade do sentir e o significado da proposta contida no poema estarão na razão direta de cada leitor/receptor, de seu patamar de sensibilidade e o de intelecção. Por ser um ‘condenado a pensar’, nunca me satisfaço com o "sentir" à flor da pele – a comoção advinda de pronto. Seja no lírico-amoroso, em outras espécies de poesias e até no épico-histórico. E é óbvio que a produção de sensações é diversa, pessoa a pessoa. Gosto, no entanto, do "estranhamento" que especialmente o gênero Poesia me causa. E eu a descubro assim – despida – num primeiro momento. Depois, a intelecção me induz ao conteúdo... Se ambos os momentos me conduzirem ao “alumbramento” – abrirem-se em mim dando novo sentido ao que está aparentemente posto – a Eterna Arte se perfez como VERDADE. Não a do autor, mas a de seu alter ego criativo, que pode ser o FINGIDOR, como denuncia Pessoa em sua "Autobiografia"...

– Do livro A FABRICAÇÃO DO REAL, 2013.

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