VIVER, OUVIR, ESCREVER E AGIR

Eu apenas reparto e compartilho o que vocês – de todas as gerações – me permitiram amealhar nos cântaros de sensibilidades. E beberei intensamente os versos da vida até quando ela permitir. Somos agentes intuitivos da Confraternidade, por isso não deve haver competição entre os criadores da arte poética. Mas não é isso o que se vê em incontáveis recantos do real e do virtual. Tanta beleza nas indumentárias, nos jargões, nos certames competitivos, e o mundo a transbordar de necessidades de toda ordem. E o poeta se torna um réu revel... Talvez porque ele não seja ele mesmo, e, sim o outro... Aquele que apenas sente a chuva a molhar os ossos e empapar as artérias de temores álgidos e ríspidos, sem maiores compromissos... Daí Fernando Pessoa ter autopsicografado o FINGIDOR.

– Do livro A FABRICAÇÃO DO REAL, 2013.

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