A NECESSÁRIA AUTOCRÍTICA

Não está em causa de onde proveio o poema: se do sentir ou do pensar ou do hibridismo destas duas fontes. É claro que a primeira visão crítica sobre a obra – especialmente em arte poética – é a do autor. E esta é sempre autocrítica, porque o poema, em regra, é notação autobiográfica codificada pelas figuras de linguagem. Se não contiver expressiva dose de codificação, e, sim, a peça for lavrada em linguagem aberta, não se consubstanciará a Poesia, como modalidade artística ou classificação formal. Tampouco chegará à TRANSCENDENTALIDADE, regra que não vale para os gênios – para os quais não há parâmetros – porque estes transcendem naturalmente por talento, linguagem e discernimento. Nestes casos, miscigenam-se a estética e a verdade. A primeira pela comoção do receptor, e a segunda, pela evidente sabedoria que promana do conjunto verbal.

– Do livro ALMA DE PERDIÇÃO, 2009/13.

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