O EGO NECESSITADO

A análise crítica somente tem validade plausível para o criador que a aceita, que a recebe com naturalidade. Normalmente, o autor é possessivo: o poema é seu e ninguém tasca, e nem aceita contribuições analíticas. Assim pensa a maioria dos iniciantes, os quais são normalmente egocêntricos e acionam todos os esforços para chamar a atenção sobre si e sobre o seu texto, por vários fatores psíquicos, dentre eles a insegurança e a ânsia de sair do anonimato. Em regra, em toda e qualquer peça artística na qual agiganta-se o ego, resta excluída formalmente a Poesia. Porque esta é linguagem figurativa assentada na CONFRATERNIDADE e não na POSSESSÃO do lugar comum da vida... Nestes casos, de nada ou pouco vale a interlocução crítica, porque esboroou-se o esforço analítico frente à sua fonte primária, original. E não se cumpriu a provocação à abordagem estética. Simplesmente porque o autor não quer saber de antagonismos dialéticos, somente de apologias, elogios diretos para o ego necessitado...

– Do livro ALMA DE PERDIÇÃO, 2009/13.

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