Nada de 'nós'.
Rompendo o calor inquieto a chuva fina paira nesta noite. Ouvindo cada pingo no telhado, sinto um arrepio gostoso no corpo. Isso é sinal de vida. Isso é artifício da existência. Vou reagindo às manifestações da natureza e da física e fico feliz com e por isso, pois, dessa forma, a minha inteireza se forma e me deleito sobre esta.
Um vento sobressai a minha janela e me faz companhia, bagunça meus cabelos, revira a minha roupa, faz um sorriso bobo visitar meus lábios. Eu gosto disso. Em meio a esta cena percebo o toque do meu telefone. Será você querendo me acompanhar também? Desencontro. Tristeza. Vontade de chorar. Agonia. Você me excluiu do 'nós' de outrora.
- Oi, vó. Estou bem. Saudades da senhora também. Desculpe, mas preciso dormir. Tchau.
Mas o sono não vem... Então, as lágrimas chegam e me tocam em silêncio. Boa noite.