A mudança está em mim.

Acordo... durmo. Durante este intervalo a rotina me acomoda, paralisa. Ao amanhecer já conheço os passos que serão dados, as pessoas encontradas, os horários certos, as atitudes feitas, as palavras ditas. O script está elaborado há dias, tempos talvez, só me basta seguir o roteiro e, continuar vestindo o personagem que me cabe. O que acontecerá ao anoitecer? Também já se sabe! Está escrito. Meus dias são todos iguais. Mas, afinal de contas, quem me roteiriza? Quem é o dono do palco?

Os dias vão passando e, nada muda. A sequência me abraça tão forte, que consome qualquer tentativa de transformar o ensaio rotineiro em surpresa. Sei que algo precisa ser feito, pensamentos devem se tornar ações, para que, de fato, a minha vida ganhe uma roupagem diferente do figurino que persiste em meu armário e, as coisas se configurem com mais brilho e sentido.

Talvez, por comodismo também, preferi acreditar por toda a minha vida que os meus dias são iguais e, pronto. Isso já está definido. Seguir atentamente ao que me propus em trabalho e, demais atividades, agir de forma completamente esperada é bem mais fácil. Porém, começo a perceber que o mais fácil nem sempre é o mais belo. A rotina cumpre um papel que não surpreende, não ultrapassa limites e, por isso, provoca apenas possibilidades de exatidão de atitudes. Submeter à rotina é muito pouco para quem quer voar e, o vôo me aguarda ansiosamente, eu sei que sim.

Olhando o movimento dos ponteiros do relógio, vejo o modo estático em que observo isso e, não ajo, não me movo, não mudo. Preciso fazer com que o tempo seja meu aliado e, não meu inimigo. Correr contra ele? Jamais. Caminhar com ele. Aproveitar cada segundo, cada instante, cada vão momento. Fazer valer a pena acordar e, dormir com a certeza de que o dia foi realmente “presente”.

É isso. Já sei. Meus dias permanecerão iguais, se eu continuar vendo-os desta forma. É necessário que eu veja meu dia diferente e, a partir disso, me proponha ao novo, ao inesperado, ao desejado, pois não posso ter dias diferentes se eu continuo igual.

Lee Lopes
Enviado por Lee Lopes em 20/10/2012
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