SOBRE O QUE ESCREVER?

Fico com o genial poeta português Fernando Pessoa, que sugere mais ou menos isso: um poeta não necessita ser muito sensível, é preciso ser INTELIGENTE pra poder pegar a sensibilidade de seu leitor. Nesse ponto, Pessoa diverge da maioria dos autores, antigos ou contemporâneos, consagrados ou não... Sensibilidades à parte, como poeta, percebo que tenho dias em que estou mais “inspirado”, com o talento mais descolado, mais à flor da pele, com mais facilidade para que surjam os vocábulos e seus encadeamentos, enfim, com mais propensão para a criação. Também percebo que noutros dias estou melhor para fazer a “transpiração”, que é o segundo ciclo de criação do texto, seja em Prosa ou em Poesia. E este segundo momento é o DEFINITIVO – aquele que fixa o texto. Então, num exercício intelectivo, o desafio não é somente escrever, e, sim, falar sobre um assunto que o leitor vai gostar. No entanto, mesmo que o escritor já tenha algum prestígio ou fama, o buraco é que ele nunca sabe, com antecedência, o que o leitor-receptor vai efetivamente apreciar. Joga-se com o “feeling” geral e com valores estéticos e conceituais... Ainda que haja variadas opções – o grande veio em todos os tempos – parece ser o lírico-existencial. O eterno amor continua sendo a mola mestra. E este tem diversas faces e outras tantas roupagens...

– Do livro A POESIA SEM SEGREDOS, 2012.

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