O FIO DA REALIDADE

É sempre aconselhável elaborar mensagens sentenciais que pretendam reflexão sobre assuntos morais, éticos ou artísticos. É o que ocorria com Rilke, Goethe, Baudelaire, Brecht e outros europeus, a partir do séc. XIX até meados do XX, abordagens muito diferentes do lirismo de vertente portuguesa ou espanhola. Numa tessitura de neo-realismo, procuro retomar, na prosa curta, o viés de máximas sentenciais ou aforismos. Tudo pra não perder o fio da realidade – já que não transito somente no limbo do gênero Poesia – em que tudo é permissível, especialmente o redesenhar do cotidiano através da fantasia dos anseios e sonhos idealizados. Sob uma ótica objetiva, é na ficção prosaica que a realidade parece estar mais próxima, mais ao alcance dos olhos, e fala por si, entretecendo o chão em que se pisa.

– Do livro ALMA DE PERDIÇÃO, 2009/12.

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