O DESAFIO DE ESCREVER

Como criador, pressinto que há dias em que estou mais inspirado, mais fértil, mais propício ao processo de criação. Também percebo que em outros estou melhor para fazer a TRANSPIRAÇÃO, que é o segundo momento de criação do texto, seja na Prosa ou na Poesia. E este segundo momento é o DEFINITIVO, aquele que fixa o texto. E é este que deverá chegar à cabeça do receptor, o outro polo – aquele que completa a equação literária. Então, o desafio não é somente escrever, e, sim, escrever o que o leitor vai gostar de ler. O desafio é que nunca se sabe o que o receptor vai apreciar... Joga-se com o feeling geral, valores estéticos, modismos e modelos conceituais... A posição de todo e qualquer novato é perceptível: quer mesmo é criar, e que o resto se exploda... – Olha eu aqui! Acabo de escrever o mais belo poema do idioma! Cuidado com essa expressão falsa: "... apenas escrevo, não sou poeta...” . Uma coisa é escrever para a gaveta. Outra é o texto nascer para o mundo carregando o nome do relator das experiências... Há exigências de estética que podem ser melhoradas, para que o texto se apresente mais palatável. Nunca se sabe se o autor de um livro traz a estrela na testa, que o pré-identifica como um “privilegiado dos deuses”. O essencial é jogar o texto na rua e sair do diletantismo, do amadorismo que faz com que sejamos apenas o “adjetivo possessivo” do que escrevemos. Porque somos nós e nossas circunstâncias que estão deitadas em cada página da obra. Mesmo que cubramos o rosto com vários véus. Ou, por vezes, doendo no corpo, a parte que não pensa se acomode com a falta...

– Do livro PALAVRA & DIVERSIDADE, 2011.

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