POEMA: ESTUDO, INTUIÇÃO, INVENTIVA

Grato, estimado Alexandre Tambelli, por compartilhares estudos e experimentações sobre o “Rubai” nesse Recanto das Letras, em http://recantodasletras.uol.com.br/teorialiteraria/2630790. Apreciei muito o conteúdo da peça textual. Concordo com a abordagem sobre o universalismo e o preparo pessoal do grande "português do universo", ortônimo e heterônimos. Fernando Pessoa, de pronto, leva a vantagem de que foi alfabetizado no idioma inglês, quando de sua estada inicial na África do Sul, volta dos oito anos. Ao ler Omar Khayyám e os seus Rubaiyát (conjunto de estrofes do “rubai”, a quadra popular dos persas, turcos, árabes, etc.) traduzido para o inglês por Edward Fitzgerald, o fez em fonte secundária, porém com perfeito entendimento do anglo-saxão, apesar das perdidas filigranas temporais do século XII. Sempre digo que "Do nada nasce o nada"... Se um poeta desejar dar curso a uma linguagem efetivamente poética – exceto os gênios, que já nascem feitos pela privilegiada intuição – tem de passar pelo estudo da POEMÁTICA. Esse conhecimento e a “transpiração” sobre o texto de terceiro se estenderá ao seu poema e o ajudará a delinear a forma definitiva, concomitante ao cadinho originário da “inspiração”. A forte intuição e a alta inventiva são sempre um áspero condimento ao paladar comum... Como a poesia de Pessoa foi libada, ao seu tempo... E que ainda hoje deixa os conservadores aturdidos, de cabelos em pé, pelo inusitado do conjunto da obra e peculiar originalidade. Também me alinho ao pensamento de que todo o escriba de Poesia deve estudar várias vertentes da Poética, a afim de que possa escolher o caminho futuro e, possivelmente, burilar o talento. Percebo, no entanto, que há cânones predominantes em cada época, com típicos protagonistas poéticos em cada uma delas, os quais transitam com mais desenvoltura, legando à posteridade uma peculiaríssima linguagem. Camões, Shakespeare e Pessoa são exemplares do que falo. Forma e conteúdo se completam, plasmando o atemporal poema...

– Do livro NO VENTRE DA PALAVRA, 2011.

http://www.recantodasletras.com.br/tutoriais/2849882