Qualidade da cachaça de Morretes é tamanha, que movimenta R$ 4 milhões por ano e até verbete do Dicionário Aurélio virou
04/03/2011 | 00:01 Isadora Rupp
É impossível pensar em Morretes sem lembrar da famosa cachaça. Pudera: a tradição vem de séculos e virou até verbete do Dicionário Aurélio, onde a palavra morretiana é sinônimo para a bebida. Em 1733, um dos primeiros colonizadores da cidade, João de Almeida, já produzia cachaça às margens do Rio Nhundiaquara. A produção de profissionalizou e movimenta hoje R$ 4 milhões por ano, o equivalente a 26% dos R$ 15 milhões anuais produzidos no estado, segundo a Associação de Cooperativas e Empresas Produtoras de Cachaça Artesanal de Alambique do Paraná (Aprocapar).
O negócio cresceu e se fortaleceu no século 20. Segundo o historiador e secretário de Cultura de Morretes Eric Joubert Hunzicker, filas de carroças com cana-de-açúcar se formavam na Rua XV de Novembro, no centro da cidade, para abastecer os produtores. “Eles tinham de esperar horas até chegar ao engenho que ficava no final da rua”, conta Hunzicker, dono de uma coleção de mais de 40 rótulos de cachaças antigas.
Nos tempos áureos, na década de 1940, Morretes chegou a ter 40 alambiques (atualmente são 24), com produção de 1 milhão de litros. “Isso corresponde a pouco menos do que a produção de Minas Gerais hoje. A cachaça de Morretes tem um sabor particular, por conta do clima e ficou famosa pela qualidade, não por lobby”, enfatiza o presidente da Associação dos Produtores de Cachaça de Morretes e sócio-proprietário do alambique São Pedro, Rui Scucato dos Santos.
Mas quando a cachaça parecia prosperar, uma fiscalização no começo dos anos 1950 fechou grande parte dos engenhos por não cumprirem regras do Ministério da Agricultura. Apenas três alambiques mantiveram a produção. “Foi um desastre. O ministério queria transformar a produção em algo sem condições para a época, com a obrigação de paredes azulejadas, por exemplo”, ressalta o historiador.
A medida também foi um baque aos plantadores de cana, que tiveram que buscar outras alternativas, migrando para os hortifrutigranjeiros. A recuperação veio no final dos anos 1980. “Foi quando surgiram as fábricas novas que estão levando a cachaça de Morretes inclusive para fora do país”, orgulha-se o secretário de Cultura.
O presidente da Aprocapar e diretor comercial do Alambique Porto Morretes, Fulgêncio Torres Viruel, diz que a profissionalização da podução com a manutenção de métodos artesanais contribuiu muito para a cachaça de Morretes voltar a ser reconhecida. Tanto que ele aposta na aguardente como um dos principais pilares para o crescimento da cidade.
A Porto Morretes, por exemplo, exportou 42 mil garrafas ano passado para os Estados Unidos e Canadá, volume que deve dobrar este ano. Na América do Norte, cada garrafa é vendida por U$S 30 (aproximadamente R$ 50).
Uma garrafa de cachaça ouro do barril de n.º 105 – que está há cinco anos em processo de envelhecimento em barris de carvalho – é vendida a R$ 290. A cana é plantada nos 12 hectares de terra dentro do alambique, que também reaproveita o bagaço para produção de adubo.
Entrave
Santos crê que a falta de formalização é um dos entraves para expansão. “O consumidor não compra um produto sem registro. O problema é o custo desta regularização ao pequeno produtor”, enfatiza.
Uma das alternativas pare resolver esse problema é a criação de uma cooperativa. “Nosso objetivo é montar uma engarrafadora para todos poderem se adequar ao que o Ministério da Agricultura solicita”, diz o produtor Marcel Duszczak, que está à frente da formação da cooperativa.
O negócio cresceu e se fortaleceu no século 20. Segundo o historiador e secretário de Cultura de Morretes Eric Joubert Hunzicker, filas de carroças com cana-de-açúcar se formavam na Rua XV de Novembro, no centro da cidade, para abastecer os produtores. “Eles tinham de esperar horas até chegar ao engenho que ficava no final da rua”, conta Hunzicker, dono de uma coleção de mais de 40 rótulos de cachaças antigas.
Nos tempos áureos, na década de 1940, Morretes chegou a ter 40 alambiques (atualmente são 24), com produção de 1 milhão de litros. “Isso corresponde a pouco menos do que a produção de Minas Gerais hoje. A cachaça de Morretes tem um sabor particular, por conta do clima e ficou famosa pela qualidade, não por lobby”, enfatiza o presidente da Associação dos Produtores de Cachaça de Morretes e sócio-proprietário do alambique São Pedro, Rui Scucato dos Santos.
Mas quando a cachaça parecia prosperar, uma fiscalização no começo dos anos 1950 fechou grande parte dos engenhos por não cumprirem regras do Ministério da Agricultura. Apenas três alambiques mantiveram a produção. “Foi um desastre. O ministério queria transformar a produção em algo sem condições para a época, com a obrigação de paredes azulejadas, por exemplo”, ressalta o historiador.
A medida também foi um baque aos plantadores de cana, que tiveram que buscar outras alternativas, migrando para os hortifrutigranjeiros. A recuperação veio no final dos anos 1980. “Foi quando surgiram as fábricas novas que estão levando a cachaça de Morretes inclusive para fora do país”, orgulha-se o secretário de Cultura.
O presidente da Aprocapar e diretor comercial do Alambique Porto Morretes, Fulgêncio Torres Viruel, diz que a profissionalização da podução com a manutenção de métodos artesanais contribuiu muito para a cachaça de Morretes voltar a ser reconhecida. Tanto que ele aposta na aguardente como um dos principais pilares para o crescimento da cidade.
A Porto Morretes, por exemplo, exportou 42 mil garrafas ano passado para os Estados Unidos e Canadá, volume que deve dobrar este ano. Na América do Norte, cada garrafa é vendida por U$S 30 (aproximadamente R$ 50).
Uma garrafa de cachaça ouro do barril de n.º 105 – que está há cinco anos em processo de envelhecimento em barris de carvalho – é vendida a R$ 290. A cana é plantada nos 12 hectares de terra dentro do alambique, que também reaproveita o bagaço para produção de adubo.
Entrave
Santos crê que a falta de formalização é um dos entraves para expansão. “O consumidor não compra um produto sem registro. O problema é o custo desta regularização ao pequeno produtor”, enfatiza.
Uma das alternativas pare resolver esse problema é a criação de uma cooperativa. “Nosso objetivo é montar uma engarrafadora para todos poderem se adequar ao que o Ministério da Agricultura solicita”, diz o produtor Marcel Duszczak, que está à frente da formação da cooperativa.