Hoje sem estrelas.
Às vezes o cheiro de asfalto molhado depois da chuva me convida a sair.
Aproveitar a noite, uma caminhada no friozinho, ir até a conveniência tomar um café.
Tomado de nostalgia, sorrio para estrelas (mesmo que não possa ver no céu nublado).
Tento convencer a todos que estou bem, que gosto da solidão, que ser cínico faz parte do meu DNA. Nem eu acredito.
Procuro motivos para não ser tão triste. Entender o quê sou.
Eu vivo o velho clichê, “cercado por todos os lados, e profundamente solitário”. Me fecho no quarto por semanas, leio uma dezena de livros, seguidos sem pausa.
Me afasto dos amigos. Me sinto confuso e insensível, no meu “mundo particular”.
Tento ser diferente. Tento ser menos eu. É como tentar segurar o vento.
Hoje faz frio, tanto frio, tanto frio.
Hoje a insônia chamou,
hoje a noite é vazia, e uma voz me chamou,
meus sonhos vazios, meus medos vazios.
hoje eu sorri, por sorrir, por sorrir.
O café acabou, a conveniência estava fechada.
Hoje sem estrelas.