Forma Campo 07: Educação do Campo & Diversidades
[3/10 /2023-17:54]
Gilcelia Santos Ressurreição
Texto, à partir da Live: Educação do Campo&Diversidades, ministrante _ Maíra Lopes Reis e Ana Cristina Givigi e mediador _ Queziane Martins
A Jornada do MST, acerca do Centenário Paulo Freire, realizada durante o ano de 2021, nos convidou refletir sobre uma prática educativa que considere o discente, como detentor de saberes da sua realidade e do seu contexto de vida. Para os docentes, a jornada proporcionou debruçar sobre o planejamento, buscando formas de instrumentalizar este (a)educando(a) no sentido de compreender e agir, interferindo na realidade, buscando melhores condições de vida.
Para tanto, estes conteúdos da realidade devem ser problematizadores, possibilitando saírem do senso comum para formarem uma consciência filosófica.Para tanto:
Questionando a pobreza e a miséria. Questionando a política de exploração.
Desta forma as palavras geradoras: pobreza, miséria, exploração, passariam a fazer parte de um debate, dando significado a vida e a educação escolarizada, a educação é um um ato político, e as políticas públicas cercam Professores e alunos, portanto , saber que a forma como os alunos são ensinados e o que lhes é ensinado serve a uma agenda política. Serve a um interesse. A pergunta é: De quem?
Nesse interim, pensar numa educação do campo e em todas as diversidades que estruturam as políticas públicas, socioeconômicas e culturais é uma forma de levantar várias bandeiras. Do indígena que foi invadido em sua intimidade, expulso, e explorado, mas que no campo nasceu, nele muitos ainda vivem, e morrem protegendo e cuidando do bem mais precioso: A terra. Do quilombola que trazidos e escravizados, fugiram em defesa da liberdade, mas, sem o direito a terra, não tem onde morar,onde plantar, do que sobreviver. No cenário da diversidade, a mulher, não é diferente para ser vista como inferior ao homem, deve ser vista, como aquela que com sua sabedoria feminina, acolhe em seu ventre não apenas a vida humana, a mulher, organiza o processo de cuidado com as sementes crioulas, que dão origem as novas vidas. E neste entrelaçado de vidas, ensina os filhos e filhas da sua geração, que a terra, produz alimentos,se as pessoas plantarem.
Na floresta, tudo que vive, é força da mãe terra. A agroecologia, diferente do agronegócio é vida.
Na terra de nossos ancestrais, a diversidade de gênero, da inclusão de pessoas com deficiência, de idade, de etnia, é alma em forma de organização planetária. Neste planeta não existe um só lugar que não exista educação do campo. E tem uma estrutura diversa também: escolas agrupadas, escolas Multisseriadas, Escolas quilombolas, Escolas indígenas, Escolas ribeirinhos, dentro de um território chamado CAMPO.
"Diversidades e Diferenças não são Desigualdades. Público não é privado." Precisamos refletir sobre o pensamento supracitado, para sabermos nos posicionar diante de tantos discursos estereotipados. Não existe apenas a escola pública no cenário social, existe a escola pública com suas diversidades, diferenças, e não deve ser alvo de preconceitos, de racismos, pois,o que nos torna iguais nesse espaço, é termos que lutar uns pelos outros.
Da mesma forma, no espaço particular, existem diferenças, mas, não terão que vencer a pobreza e a miséria como muitos de nós.
É notório que os conteúdos temáticos do nosso acervo científico, devem ser: colonialismo, escravidão, latifúndio. Pois, sem terra não existe abolição de fato, sem escolas do Campo, os povos originários, tradicionais, terão oportunidade negadas.
Não podemos deixar morrer a história da nossa gente. Conhecer seus modelos de organização é primordial.
É dever social do educador e educadora do campo, conhecer todas as diretrizes, que norteiam a educação do campo, participar quando tiver escrita e reescrita de novas políticas públicas voltadas para o campo.