Linguística Aplicada-Izabel Maria de Matos
Abordagem didático-pedagógica quanto às semelhanças e diferenças no processo de ensino-aprendizagem da Língua Materna
A maior parte dos alunos gosta de atividades que envolvem a oralidade. Todavia, há aqueles que preferem isolar-se e permanecer afônicos, ao expor a um público maior o que pensam ou sentem, entretanto a atividade da língua materna tem uma dimensão histórica e social que atribui a ela diferentes funções.
Se levarmos em consideração a ação pedagógica da escola como parte da política do planejamento linguístico, poderemos concluir que a influência da escola na língua não deve ser procurada no dialeto vernáculo dos falantes, mas sim, em seus estilos formais monitorados.
As escolas contribuem para que os alunos adquiram os estilos formais da língua? Esta é a pergunta que deveríamos fazer e não apenas preocuparmos se as escolas são veículos eficientes de transmissão da língua materna.
Segundo o depoimento da professora 1cedido em ser questionada sobre o que seriam atividades de Análise Linguística, ela assegura que “São atividades de treino ortográfico e redação, pois permitem ao aluno expressar suas idéias e relatar de acordo com seu domínio lingüístico.” (entrevistada em 15/04/2011). Já a professora 2 diz que “Pode ser uma produção textual, utilizando recursos de coesão e coerência.”(entrevistada em 15/04/2011).
Com relação à definição de Análise Linguística ambas as professoras manifestaram os seguintes depoimentos “É uma maneira de trabalhar com o aluno o domínio de ortografia e aprender a fazer o uso correto da língua materna em uma determinada situação.” Professora 1 (entrevistada em 15/04/2011). “Despertar no aluno o senso crítico, ajudando-o a expor suas idéias de forma coerente e com domínio da língua materna.” Professora 2 (entrevistada em 15/04/2011).
Para responder a tudo isso, urge a necessidade de concentrar-se na língua usada em sala de aula e conscientizar-se de que deve trabalhar com o aluno não só as meras terminologias, questões tradicionais da gramática e de ortografia, mas essencialmente, explorar o texto produzido, possibilitando a reescrita até atingir seus objetivos junto aos leitores a que se destina. Não deve se restringir à língua materna da escola, è necessário também explorar como a conversa, as práticas de aquisição da língua e os processos intelectuais se influenciam mutuamente em sala de aula e quais as implicações para a educação.
Geraldi reforça ainda que estudar a língua, é então, tentar detectar os compromissos que se criam por meio da fala e as condições que devem ser preenchidas por um falante para falar de certa forma em determinada situação concreta de interação. (2006, p.42)
Portanto, as atividades de análise lingüística são realmente aquelas que podem tomar determinadas características da linguagem como objeto de reflexão para servir de apoio em fatores como a capacidade que o ser humano possui de refletir, analisar e pensar sobre a linguagem assim como também a propriedade que a linguagem tem de fazer referência a si mesma em determinada situação concreta de interação.
Atentamos para um tópico relacionado às semelhanças e diferenças bastante discutidas: o uso de variedades não-padrão em sala de aula como uma estratégia de transição, porém, tem sido criticada, pois argumentam que o uso demasiado do dialeto retarda o contato dos alunos com a língua padrão e contribui para o declínio dos padrões educacionais.
Entendemos que as estratégias intuitivas usadas pelos professores para lidar com a complexa questão da variação linguística podem contribuir para a implementação de uma pedagogia culturalmente sensível. Os alunos devem sentir-se livres para falar em sala de aula e deve ser ratificado como um participante legítimo da interação, onde o professor poderá justapor a variantes, permitindo assim, que se desenvolva a consciência do aluno sobre a aquisição da língua materna, enquanto variação linguística.
O trabalho didático de análise lingüística se organiza tendo como ponto de partida a exploração ativa e a observação de regularidades no funcionamento da linguagem. Trata-se de situações em que se busca adequar a própria fala ou a escrita e também alheia comparando entre diferentes sentidos e sua intencionalidade.