Refém desta saudade
Sou refém desta saudade
que me vem tão de repente
que me chega, que me invade,
faz de mim um penitente
É uma dor assim bem fina
que me pega o coração
é uma dor que me amofina
sem que haja solução
A saudade é um desejo
-não desejo ela pra ti-
a saudade é como um beijo
que beijei, mas não senti...
Sou refém desta saudade
e o meu bem nem se tocou;
não há nada que me agrade
tanto quanto quem me amou...
A saudade é mulher nua
mas que pensa estar vestida,
a saudade é andar na lua
infeliz com esta vida...
Ao sentir esta saudade
me pergunto o que que é isto?
Será outra realidade
ou verdade em rebuliço?
Sou refém desta saudade
que me aperta o coração
que me prende com vontade
na tortura do senão...
A distância é bem cruel
se no tempo ela se estica
a saudade é como o céu
que se vê mas não se explica
Vivo sempre a procurar
na saudade, o meu passado,
nunca sei se vou achar
nunca sei se busco errado
Sou refém desta saudade
e é bem alto o meu resgate:
um navio de bondade
mais um cão que nunca late
A saudade é uma pantera
que derruba a sua presa
a saudade é uma quimera
nos mostrando esta tristeza...