Eu também falo enrolado
No pedaço, que empedaça,
eu embrulho o que sobrou
mas retiro o que ficou
embrulhado na mordaça...
Minha boca está sangrando
derramando o seu melhor
que talvez seja o pior
na visão que estou visando...
Eu me escondo de você
com palavras rebuscadas
meio tortas , rabiscadas,
deixo louco quem me lê...
Querem ver o meu sentido
entender a minha prosa
mas o artista, nunca posa,
fica assim meio escondido...
O mistério é confusão
que se arma com jeitinho
conquistando de mansinho
seu olhar, sua atenção...
O vazio está por traz
se espremer não sobra nada,
mais parece marmelada
que é gostosa e satisfaz...
Eu também falo enrolado
faço curvas, viro esquinas,
sou malandro sou traquinas,
eu lhe enrolo no versado...
Mas eu faço penitência
me comprazo no enrolado
que não pode ser podado
pela minha irreverência...
Aceitar as diferenças
deve ser a nossa meta
saco cheio, se deleta...
esquecendo as desavenças...