Às vezes tento expulsar-te
Às vezes tento expulsar-te
lá de dentro das entranhas
só consigo, mais amar-te,
e sorrir destas façanhas...
Tu fizestes alçapão
pra caçar este canário
que está em tua mão
a cantar tão solitário...
Às vezes tento expulsar-te
extirpando o coração
mas no peito, a pulsar-te,
sinto a volta da emoção...
Tu virastes do avesso
a cabeça e o meu olhar
o meu sangue está espesso
já não quer mais circular...
Às vezes tento expulsar-te
com meu verso desalmado
não consigo maltratar-te
pois o amor me faz culpado...
Eu te firo e tu me feres
eu pelejo e tu pelejas
eu te quero... e tu, me queres?
eu te almejo... e tu, me almejas?
Às vezes tento expulsar-te
dando-te o meu desprezo;
de repente, eu vou cantar-te,
com meu canto todo aceso...
Eu desisto de tentar
de lutar contra a maré
quero mais é o seu olhar
me fazendo cafuné...