Da vela apagada ao calor que me envenena

Minha vela se apagou

hoje estou na escuridão,

estou cego sem visão

sou o fogo que findou!

Mas eu tenho a poesia

pra soltar o meu lamento...

pra sanar o meu tormento

resgatando a fantasia...

Forte é meu coração

temperado pela vida

quando a dor se encomprida...

ele chora de emoção!

Sou assim não vou negar

sou manteiga derretida

sou a casca da ferida

que eu não posso mais tirar.

O poder que me ilumina

não é presa de uma crença

é uma marca de nascença

que me alegra e me domina...

Ficar triste é da vida

não podemos evitar

mas melhor é se alegrar

na chegada e na partida.

O viver é um mistério

nunca dantes resolvido

o destino é atrevido

e não mostra o seu critério.

O olhar dessa morena

mesmo perto, eu não olhei,

mesmo assim observei

o calor que me envenena...

Prisioneiro sei que sou

já não há escapatória

personagem dessa história

que apenas começou...

Seu silêncio não me afeta

sou a sua referência

muito grande é a paciência

sou o amor que lhe completa...