VOU CASAR COM A LUA

Olho a lua que desponta

cá da terra eu observo

de tão bela, que é uma afronta,

eu me quedo e viro um servo.

Vou banhar-me em seu luar

derramado sobre mim

como um lobo vou uivar

vou tingí-la de carmim.

Vou pedí-la em casamento

e olhá-la em seu passeio

no estrelado firmamento

no pulsar do meu anseio.

Mas se a Lua recusar

fizer pouco, vou fingir,

que sou dono desse mar

que a está a refletir.

Vou dizer que sou o sol

que a clareio todo dia

vou dizer que sou farol

sou a luz que ela queria.

A paixão que me consome

é tão grande e me avassala

me tonteia e tira fome

me emudece tira a fala.

Da Rainha sou vassalo

da potranca, o seu arreio,

vou serví-la com meu falo

vou servir-me no seu seio.

Dos teus olhos, a menina,

vou fazer e acontecer

na potranca, em sua crina,

eu seguro pra correr.

Sou feliz com teu amor

que ela mostra de algum jeito

mesmo brava, em seu clamor,

é o bater lá no meu peito.