Cotidiano carioca
A vida escorre na bica
Na esquina o pão quente
Na TV as manchetes gritam
Aquilo que ninguém mais vê.
O gato espia na janela
Do décimo quinto andar
A vizinha seca roupas na varanda
Os dias são sempre iguais
Mas em cada um, algo novo.
O café preto na xícara
A poeira que dança no sol
As horas arrastam os pés
Mas a gente nem vê.
Uma conversa de rua
Um fogo cruzado
Uma bala perdida
E a vida vai seguindo
Entre o medo absurdo
E o silêncio maluco
Da madrugada.