Pelas quadras da vida CXCV
Incrível como na vida
O indesejado acontece...
Embora eu não dê guarida,
A muita gente apetece:
Me tirar do meu sossego,
Me ligando toda hora,
Me oferecendo chamego,
Que é zero, se noves fora...
Se eu mais tarde retorno,
O outro lado está mudo...
Então não me conformo:
Não posso falar a surdo...
Já viu que também eu falo
Das ligações repetidas;
Sem saída, eu me calo
Às máquinas enxeridas.
Quando criança eu era,
Telefone era um bem;
Hoje a maldade impera:
Nele é que o calote vem.
Sem falar no zap insistente;
Onde eleição nunca acaba:
Me querem bem resistente
Ou nosso país desaba...
Desaba com o comunismo;
Sem a família se vai...
Onde está o patriotismo
No que o zap sempre me traz?
Zap, zap... zap, zap... é montagem,
Que não para de chegar;
Como pode a sacanagem
No lugar de informar?
Fico esperando proposta,
Um jeito de melhorar,
Mas parece que a aposta
É o governo melar...
Desde cedo eu aprendi
Respeitar o outro lado,
Mas, confesso, sempre ouvi
O que é fundamentado...
E não é o que ocorre
Quando falam sem falar...
Ah, meu Deus, vem, me socorre,
Pra o amigo não deletar!
Qual na chamada importuna
A calma sempre procuro;
Se tenho alguma fortuna,
É nunca brigar... Eu juro!