SOU FILHO DO NORTE, FORTE, GUERREIRO

Acostumei-me cedo a me apequenar

Pelas condições que me dava a vida

Sem nenhum valor comecei a pensar

Será que a vida é uma flor decaída?

 

Me negaram o básico, inclusive o pão

E eu chorei de fome no canto sentado

Roguei aos deuses, mas era tudo em vão

E o que eu sempre ouvia, és amaldiçoado!

 

No meio da roça ecoei meu canto triste

Olhando a amplidão fui tecendo sonhos

Vi as nuvens alvas que até hoje existem

A me despertar daquele caos medonho.

 

Pulei as barreiras, me fiz vencedor

Tal filho de Dédalo queria voar,

Mas diferente dele fui observador

Não voei ao sol pra não me queimar.

 

A luta forjou-me em grande guerreiro

O meu sofrimento era culpa dos homens

Zombavam de mim quando abria o berreiro

Seus prazeres era ver-me morrer de fome.

 

Mas fui duro, fui forte, venci a batalha

Sou filho do Norte não fujo da guerra

E mesmo encerrado em caixão e mortalha

Deixarei meu legado que ninguém enterra.

JEOL MARINHO