QUADRAS DE LAMENTO LXIV
Quando eu te conheci era tão lindo!
Quase um sonho mágico e inocente
Eu julgava que fosse para sempre...
Algo sublime, alguma coisa diferente!
Tu querias falar comigo a todo instante
Pela manhã, à tarde, à noite também...
Tu pensavas em mim o tempo inteiro
Até adormecer e acordar, muito além!
Nossa amizade foi crescendo tanto!
Foi se transformando em algo a mais...
Aos poucos nós fomos descobrindo
Um sentimento puro de ancestrais!
Porém, tu foste com muita sede,
Ao pote, como a abelha faz o mel,
Em forma de segundas intenções
Mas, eu não quis provar o teu fel...
Um turbilhão de perguntas eu fiz,
Sequer respondeste à primeira...
Fingia não entender nada, nada,
Saindo pela tangente na coleira...
Com o passar do tempo tudo mudou...
Teus disfarces foram caindo ao chão
Cada mentira tua foi à gota d’água...
Cada deslize teu causou a separação!
Eu não nasci para ser um segredo
Na vida de ninguém, sequer na tua...
Não pretendo me esconder na sombra
Para ofuscar a luminosidade da lua!
Portanto, agora que voltastes, eu voltei!
Estamos a representar tão bem assim
Neste palco de tristeza e fingimento...
Nós ainda seremos amigos? Não ou sim?