Nuvens algodoadas

TROVADORISMO (CANTIGA LÍRICA DE AMOR)

Sentado cá estou, o céu a mirar.

Vejo alvas nuvens, pelo sol a clarear.

Não as posso tocar, mas macias as posso sentir.

Como a sua pele, minha Senhora, distante.

Sofro eu, essas linhas a vós, suspirante.

Lastimo-me pela distância,

mas conforto-me pela vossa existência.

Os raios de sol iluminam,

Vossa beleza e vossos gestos, que a eles também animam

Suspiro profundo, profundeza que se confunde com o próposito

Espero ser, por toda eternidade, de sua reverência, o depósito.

Aflijo-me, por muito pouco não me enlouqueço.

Fitar-te, e enamorar-me, disso, eu não me esqueço.

Posso imaginar, por sobre as nuvens algodoadas, a deitar

À espera daquele súdito, seus caprichos realizar.

Pois ainda que indigno, elejo-me.

Quero aos vossos pés estar.

Se nada me pedires, estátua ficarei.

É meu destino. E ainda que não o fosse, contra a natureza, faria-o.

Por vós e para vós, ouso dizer: Eis-me!

Ednardo C Benevides
Enviado por Ednardo C Benevides em 21/02/2024
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