Trovas de Eno Teodoro Wanke

 

 

 

Meu caro Poeta: o Universo

Espero atenda meu rogo:

Ou pões mais fogo no verso

Ou pões os versos no fogo.

 

Felicidade consiste

às vezes num quase nada:

- o encanto de um verso triste

vibrando na madrugada...

 

Estilhaçando o negror

da noite, longa e cansada,

o sol é um beijo de amor

no lábio azul da alvorada!

 

Aquela mulher que eu ponho,

em segredo, em meus anseios,

tem alma tecida em sonho

e leva a aurora nos seios.

 

 

 TROVAS LÍRICAS E FILOSÓFICAS

 

01

"Bobo!" -- ela diz, quando eu falo

alguma tolice a esmo:

- E tem um jeito ao falá-lo,

que até fico bobo mesmo!...

02

A mediocridade é palha

cuja tendência é boiar.

Quem quer pérola que valha,

tem mesmo que mergulhar!

03

Não há nada mais profundo,

mais belo e comovedor,

nem maior poder no mundo

que um simples gesto de amor. 

 

04

Senhor! Que eu pratique o bem

separe o joio do trigo,

e tenha forças, também,

de amar o irmão inimigo...

05

 

06

 

07

Não sei de melhor processo,

não sei de nenhum atalho:

- os caminhos do progresso

são estradas de trabalho.

08

Felicidade, vantagem

que todos querem ganhar;

não é bem um fim de viagem,

é um modo de viajar.

09

 

10

 

11

Ó rosa, nobre e bonita,

que encantamento trazeis!

Em vossa beleza habita

a majestade dos reis!

12

 

13

Desconfio que em teus braços

reside, morno e feliz,

o segredo dos fracassos

das trovas que eu nunca fiz...

14

 

15

O destino despetala

a rosa... Porém, ainda

resta a lembrança, que fala,

de quanto a rosa era linda!

16

 

17

Invejo a felicidade

de quem saudoso se diz.

- Quem hoje sente saudade

já foi, um dia, feliz!

18

A gente sempre acredita

em qualquer coisa inventada,

desde que ela seja dita

ao ouvido, cochichada...

19

Quem vai ao mar deitar rede,

que tome cuidado, tome!

O mar nunca teve sede,

mas nunca vi tanta fome.

20

“Seguindo a trilha infinita

do meu destino estrelado,

eu sou aquele que habita

a ilusão de ser amado.”

21

Despedir-se é ver no imenso

queixume negro do cais

a alva gaivota de um lenço

acenando o nunca mais...

 

 

Eno Teodoro Wanke

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Cláudio Carvalho Fernandes
Enviado por Cláudio Carvalho Fernandes em 21/07/2023
Reeditado em 21/07/2023
Código do texto: T7842168
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