Aos ventos
Vento que sopra forte
levanta poeira na rua
E quando vem lá do norte
É pra trazer saudades tuas
Vento que ondula a palma
É a brisa passageira
Dá prazer às nossas almas
Tornas as tardes mais fagueiras
Se é vento a fazer o mal
Vai emborcando as catraias
Tira as roupas do varal
Das moças levanta as saias
Nas vastidões das campinas
Do Sul sibila o insano
Que enregela e amofina
É o vento Minuano
Vento a rugir na montanha
Vai trazer nuvens chuvosas
A passarada se assanha
Põe mundo em polvorosa
Decantadas são as flores
Em loas de dez talentos
Mas os poetas cantores
Esquecem a rosa-dos-ventos
No oceano ao mar aberto
Seu Cabral compunha as velas
Procurando o vento certo
Pra empurrar as caravelas
Disse alguém ao Almirante
Fujas d’África em abril
Pegue ventos do Levante
Que vais bater lá no Brasil
Desta forma, companheiros
Não ignore o elemento
Pois nós todos brasileiros
Somos enteados do vento.