FLORES E TROVAS

E para começar as trovas diz a rosa.

Sou sim, a mais bela entre as flores,

E veio vermelha de inveja a begônia,

É mesmo? Eu não suporto suas cores.

Só diz isso a mando do intolerável lírio,

Paquerador fútil que vaga pelo jardim.

Mestre em espantar para longe colibris.

E espalhar pelas campas sementes ruins.

Sois, rosa, quem a uma camponesa tapeou,

Queria no jardim rosa vermelha, a coitada.

Eis que lhe floriu a primavera em belo sol.

E tu fornece a ela uma rosa esbranquiçada.

De onde ela vem coisa boa e que não traz,

Bela embromadora me sobressai essa rosa,

Palmilhando as cores assim nem se define.

Ela é na verdade uma flor cheia de prosa.

Cheia de prosa? Quem disse isso aí agora?

Ah! Foi você seu copo de leite petulante.

Se mostro minhas cores brancas no bosque.

Te vejo invejoso imitando a todo instante.

É bem verdade mesmo diz lá a margarida

Ela quer nos burlar quando vem o arrebol.

Epa! Calada aí sua margarida impertinente.

Me deves o branco e o amarelo ao girassol.

Segue a rosa deixando de lado a modéstia

Tenho cores amarelas, brancas e, a rosada.

Flores com tais cores vieram depois de mim.

Se eu não existisse, decerto não seriam nada.

Que desaforada gritam todas em alvoroço,

Você, esperta rosa, imitou todas e se exibiu.

Sabem qual a causa? fala revoltada a azaléa.

Quis flertar com o arco íris, e não conseguiu.

Ei, vejam todas! Grita a florzinha do campo,

O sol se escondeu naquela sombra nublada.

Silencioso ele foge. É dessa chatice danada.

Pois sim, se enfarou de tanta conversa fiada.