Livro de visita.
O meu coração perambula
Pelos corredores da saudade
Num passeio que só estimula
Relembrar a crua verdade.
Nas paredes envoltos em molduras
Pelo tempo já amarelada
Retaratos de desventuras
Angariados ao longo da ardua jornada.
Uma janela grande e aberta
Mirando o rumo do nada
Nesta galeria fria e deserta
No abandono e desabitada.
Cada sala é uma lembrança
Que pra mais longe me transporta
E me vejo cheio de esperança
Ao abrir uma das portas.
Uma foto meiga e muito bonita
E que prende a minha atenção
E o doce olhar que meus olhos fita
É da minha primeira paixão.
E noutra sala eu me vi menino
E o meu coração pulsava bem forte
Eu tentava elaborar um destino
Que não dependesse da sorte.
Entrei na sala da amizade
Estava tudo tão limpo e arrumado
Senti então uma suave serenidade
De um lugar de paz clara e bem arejada.
Senti que sem querer eu estava sorrindo
Mesmo sendo um momento tão carente
É que quando estava quase desistindo
Foi os amigos que se fizeram presente.
Sob um raio de sol por entre cortina
Num livro bem grande eu vi registrado
A amavel e meiga presença da alma feminina
Que fizeram de mim um poeta apaixonado.
E ao assinar o livro de visita na saida
Olhei para cada detalhe daquela galeria
Pensei numa flor branca pequena e tão linda
Que não é saudade,pois se encontra na minha atual poesia.