RIR PARA NÃO CHORAR
Nesta guerra tão cruenta,
até o ódio fez cabine,
não há coração que aguenta,
mas o meu não é vitrine.
Democracia ditadura,
pronunciou o causidico.
Mas o que há a esta altura,
num proceder impudico ?
Dá em Chico ou Francisco,
o pau de tanta tormenta.
Nem no palpite arrisco,
abster-me a ferramenta.
Ditadura travestida
de direita pode crer.
Que secreta investida
do orçamento prá não ver?
Pleito eleitoral horrendo,
jogando farpa e mentira,
e a cultura aqui morrendo,
pois só voto é a mira.
Quem na pasta de cultura
não vislumbra qualquer arte,
lamentável a esta altura,
que entre nós não toma parte.
O poeta não se acanha,
não tem medo de censura,
não vive de tal barganha,
mantém na digna postura.
Nunca vi louvar a sogra,
quando muitos satirizam,
mas é amor que se logra
que todos se santificam.
É da Zâmbia a tal bela,
deputada tão zangada,
mete bala na janela,
não se importa mais com nada.