RIR PARA NÃO CHORAR

Nesta guerra tão cruenta,

até o ódio fez cabine,

não há coração que aguenta,

mas o meu não é vitrine.

Democracia ditadura,

pronunciou o causidico.

Mas o que há a esta altura,

num proceder impudico ?

Dá em Chico ou Francisco,

o pau de tanta tormenta.

Nem no palpite arrisco,

abster-me a ferramenta.

Ditadura travestida

de direita pode crer.

Que secreta investida

do orçamento prá não ver?

Pleito eleitoral horrendo,

jogando farpa e mentira,

e a cultura aqui morrendo,

pois só voto é a mira.

Quem na pasta de cultura

não vislumbra qualquer arte,

lamentável a esta altura,

que entre nós não toma parte.

O poeta não se acanha,

não tem medo de censura,

não vive de tal barganha,

mantém na digna postura.

Nunca vi louvar a sogra,

quando muitos satirizam,

mas é amor que se logra

que todos se santificam.

É da Zâmbia a tal bela,

deputada tão zangada,

mete bala na janela,

não se importa mais com nada.

ROGER BUENO
Enviado por ROGER BUENO em 30/10/2022
Código do texto: T7638829
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