CONTO DO AMOR TOTAL
Flor de laranjeira
Barquinho em papel
Trovinha brejeira
Cantada em cordel
Fala da Aninha
Que sonhou um dia
Ser a Cinderela...
Lendo a sua sorte
Vidente falou
Que vinha do norte
O seu doce amor
O tempo predisse
Em que se faria
Encontro ansiado
De sua fantasia...
Chegou o momento
Por fim o tal dia
Que aos olhos brilhantes
Da meiga menina
O amor, se faria...
Encontro ao acaso
Tudo mudaria...
Mulato encantado
Montado ao cavalo
Aparece de estalo
Na curva da estrada...
Aninha, avoada
Um riso esboçou
Ao ver no horizonte
A face do amor!
Cavaleiro cansado
Logo foi chegando
Avistou um lago
Apeou do eqüino
Tirou seu chapéu
Lavou o seu rosto
Avistou a ninfa...
Logo foi chegando
Avistou um lago
Apeou do eqüino
Tirou seu chapéu
Lavou o seu rosto
Avistou a ninfa...
“Menina faceira
Qual Branca de Neve,
És ninfa do sonho
Que me apetece...
Dá-me tua mão
Delicadamente
Qual Branca de Neve,
És ninfa do sonho
Que me apetece...
Dá-me tua mão
Delicadamente
Límpidas faceiras
Eu, meu coração...
Eu, meu coração...
Não! Não tenha medo!
Nossas almas se acharam
Vamos caminhando
Vamos caminhando
Lá pra laranjeira
Tocando tua face
Vendo a timidez
Coração dispara
Borbulha o sangue...”
O primeiro beijo...
No corpo um calor
Que sufocamento
Explode um trovão...
Correm pelos corpos
Temor e desejo
Peça-a-peça caem
Tudo e o pudor...
Como Adão e Eva
Uma descoberta
Gosto de morango
Chuva pelo corpo
Refresca o calor
Escorre suores
Tudo se evapora...
Passa logo a chuva
Brilha um novo sol
Flor de laranjeira
Fecundou-se, então...
Céu em fogo agora
Ruboriza à tarde
Lírio rubro nasce....
ANA MARIA GAZZANEO
GONÇALVES REIS