TROVAS
TROVAS
Na fazenda onde nasci,
Todo dia à tardezinha,
O cantar da juriti
E a saudade que é só minha!
Nas verdes águas de um rio
Bem do lado da cidade.
É onde bebo e me sacio,
É de lá de vem saudade.
Um jatobá centenário
Que recordo com saudade,
Traz-me à baila tal cenário,
Lá da praça da cidade.
Esta árvore imponente
E de galhos sem espinhos,
Já acolheu tanta gente
E milhões de passarinhos.
Buritis que eu amo tanto
Das quebradas aos gerais,
Penso em ti em cada canto
E cada dia te amo mais.
Não renego ser do mato
Entre as florestas e as serras,
Se secar o meu regato
Vou em busca de outras terras...
A vida é de movimento,
Sempre mostra mil caminhos.
Bom ser livre como o vento,
Ter asas de passarinhos.
Aprendi esta lição:
Desde cedo e muito além,
Não tornar um ser em vão
E não ser mais que outro alguém!
No céu de beleza rara,
Lua e sol brilham seletos,
Porém, nada se compara,
Aos encantos de meus netos.
Entre as letras do alfabeto
E um letra repetida,
Guardo um nome e todo afeto
Desse amor que alegra a vida.
Penso em ti com meu desvelo
E muito mais que um vassalo,
O teu nome não revelo,
Mas tu sabes de quem falo.
Tanto tempo te esperei,
Com carinho e tanta prova
E quase que revelei,
O teu nome nesta trova.
Quem eu amo não confesso,
Neste caso sou discreto.
Mas ela sabe que que expresso,
Todo dia o meu afeto!
Ao saber que ias partir,
O meu chão quase cedeu...
Mas depois fui refletir,
Que grande sorte tive eu.
Percebeste e percebi,
Que podemos ser assim:
Que não sirvo para ti
E não serves para mim...
Prefiro ser esquecido
Vivo em paz, vivo sereno,
Tuas setas de Cupido,
Ferem tanto e têm veneno!
Num Brasil tão desigual,
Sob os céus de um só país,
Grita aqui o social,
Mais parecem dois brasis...
Um Brasil com dois perfis
Um País que leva jeito,
Como é grande o meu País,
Que tristeza no meu peito!
O Estado deu boa vida
O governo foi bom pai.
Do Império vem a ferida,
Ninguém sabe aonde vai!
Desse mar, desse mau cheiro,
A conversa é em milhão,
É como água que o dinheiro,
Escorre pelo ladrão!
Nos versos que escrevi
E na estrada que andei,
Os espinhos que colhi,
Fui eu mesmo que plantei.
A vida por ser tão bela
E, talvez por ser assim,
Não é sopa na tigela,
Nem é rosa no jardim!
O poeta vai ao sul,
Rima jeito com sujeito
E pinta o mundo de azul,
Afugenta a dor do peito.
Seja feliz sem demora,
Sem pensar que existe a morte,
Viva mais e viva agora,
Pois viver é grande sorte!
Para José Jurandir Ramos
Xande e Neli, comovidos,
Com a tão viva homenagem.
Mãe e filho, enternecidos,
Inda falam da mensagem.
De um amigo não se esquece,
Afeição não é labéu.
O Manoel agradece,
Os teus versos lá do céu!
Obrigado, meu amigo,
Também falo pelos três:
Um carinho é doce abrigo,
Três amigos, valem seis.
Ao José que é bom de rima,
Sábio e bardo, respeitado,
Um abraço com a estima,
Do teu primo, Onofre Prado!