TROVAS
Ser ave, lírio e poeta,
três em um -- infinidade.
E viva o sonho do esteta,
mãos e mente, liberdade.
A palavra é platibanda,
é plêiade, pliocásis.
Plange a palavra, desanda.
Palavra pra mim é oásis.
Só sei que no tempo ganho
quero viver. Sou atendido!
Graças a Deus, eu rebanho,
fujo do tempo perdido.
Livros semeio, ó Maria!,
poeta de arribação.
Eu vivo na teimosia
da pura imaginação.
Aldravias, haicais, trovas,
poetrix -- concisos -- fi-los.
E são poéticas novas,
minimalistas: Estilos.
A noite escura da dor
dá o sentido da luz.
Pois há o Esposo de amor,
ensinou São João da Cruz.
A gran floresta amazônica,
lar comum, cidadania,
não pode viver agônica.
E viva a florestania!
Lembremos sempre o sofrer,
tanto horror, carnificina.
Pra gente não de esquecer
da rosa-fel de Hiroshima.
Pinto, pintor de parede,
há muito tempo não pinta.
Pintando o sete, com sede
foi ao pote. Levou tinta! (H)
Carrapato desastrado
apegou-se no Araquém.
Tive até dó do coitado,
'sangue bom' Ara não tem! (H)
Afonso de Castro Gonçalves
(H) Humorísticas, as trovas. As demais são líricas e/ou filosóficas.