"O BALANÇO DOS BONDES"
"O BALANÇO DOS BONDES"
Muitas saudades eu sinto
Dos embalos daquele bonde
Eu sempre pendurado
Não importava para onde.
"Rabujar" era o termo
Só usado em Rio Grande
Era a alegria da gurizada
E a aflição dos grandes.
Não havia maior emoção
Do que ficar aguardando
Pular no estribo do bonde
E na porta ficar segurando.
Tristeza só existia
Por parte do motorneiro
Cada viagem era um suplício
Preocupado com os rabujeiros.
Cair estatelado nas pedras
Era a maior festa
Pequenos machucados no corpo
E alguns arranhões na testa.
Em casa o castigo sempre havia
Puxões de orelhas e fortes sofregões
Nada que impedisse
No dia seguinte, novas emoções.
Nilo Fiosson
10.02.2022