ALMA SAZONAL

Hoje sou igual ao clima...

Qual as quatro estações!

Vento forte, chuva fina,

Primaveras...e verões.

Folha a se desprender,

Neve a tudo congelar!

Por do sol a se esconder,

Nova aurora a clarear...

Temporal...garôa mansa,

Sou relâmpagos e trovões,

Natureza que descansa,

Campos de mil plantações.

Sou paixão enclausurada,

Quiçá resignação,

Poesia malfadada

Rima em pobre comunhão!

Solidão amordaçada,

Coração a disparar...

Pingos tristes na vidraça,

De um peito a soluçar.

Esperança renovada,

Antítese!...figuração,

O sorriso duma lágrima,

Que rolou sem dizer- não!

Sou saudade acompanhada!

Vasta aliteração!

Sons que vagam na estrada

Um vazio no coração.

Sou o eco da floresta,

Bato as asas a revoar...

Neste céu de nuvens em festa

Sou gaivota a festejar!

Bem -te- vi que vem de longe,

Sou o canto do Sabiá!

Que acolhe o meu pranto

E também o meu cantar!

Mar de águas agitadas...

Sou o remanso das marés!

Barco a flutuar nas águas,

Nas ondas dum "bem -me quer"!

Bússola desajustada,

Giro as quatro direções!

Norte -sul...sou vã estrada,

Leste -oeste...mil paixões.

Sou o clima da poesia!

Alma quase em compulsão...

De rimar palavras frias,

Ao calor da emoção.

Sou assim...incerto clima...

Quase paradoxal!

Sol bem alto...chuva fria,

Neste peito sazonal.