Pelas quadras da vida XXII
1
Pensando em uma facécia,
Lembrou-se de um homem crente,
Cuja grande peripécia
É da morte o medo ingente.
2
O belo da boa trova
Nem sempre é do dicionário;
É criando que se renova
A beleza do inventário.
3
Caminho com um amigo,
Vamos juntos e ao contrário;
Se me empolgo e algo digo,
Ele é logo refratário.
4
Preconceito não se explica,
Se enraíza muito bem,
É raiz que no chão fica
E só cria mais desdém.
5
O desenhista na charge
Da fome o mapa mostrou.
Na fome que se esparge,
O mapa, um homem jantou.