Pelas quadras da vida VI

1

Virtude é a concisão,

Diria que um bem extremo;

Às vezes, na contramão,

Faz discurso este Supremo.

2

Cobre o rosto a humanidade,

Mas sua alma não encobre:

Neste mundo de maldade,

Rico não gosta de pobre.

3

Assim bem distanciado

Do bom parente e do amigo,

Não estará imunizado,

Mas corre menos perigo.

4

Fico triste todo dia

Ao ver o jornal falado;

Nestes tempos de agonia,

Egoísmo é grão pecado.

5

Nesta história de vacina,

Algo mais nos aniquila:

O que escreve em sua sina

A pecha de fura-fila.

6

Da ciência o saber

É magia bem divina,

Que nos leva a conhecer

A cura pela vacina.

7

Mais cresce a indicação

E não menos o desleixo:

Há mesmo a encenação

De cobrir somente o queixo.

8

Registro triste o meu pasmo,

Num relance pela rua:

Tanta gente, que nem asno,

Andando de cara nua.