MANHÃ DE SOL
Passarinho cantador, bate aqui no meu quintal.
Marimbondo picador, quer água e não faz mal.
Eu pulei fora da cama e o sol já deu sinal.
O dia já rompe cedo, despertador é o pardal.
Mês acaba no começo, nada de comprar os trem.
E pra receber o ganhame, dia certo nunca vem.
a banha se acabou toda, o café? Esse não tem.
Governo estica o braço, dá depois toma também.
É só fechar a semana, que o bar abre pras timbucas.
pândegos, confusão e cachaçada, e cacetada na cuca.
Mulher querendo dinheiro, com vara curta cutuca.
Vê o bolso liso feito pedra, se descabela maluca.
No armazém a coisa tá preta. contas viram coleção.
O dono escorrega do fiado, menino vai atrás do pão.
comprou foi doce, o danado! Levou do pai um safanão.
Que esticou lá pro agiota, pra se afundar num buracão.
Eita mês que nunca acaba! Sumidos, estão os cobres.
E o peão maquinando, e por mais que se desdobre.
consegue conduzir a postura de uma vida nada nobre.
De se manter sobrevivendo eternamente pobre.