MANHÃ DE SOL

Passarinho cantador, bate aqui no meu quintal.

Marimbondo picador, quer água e não faz mal.

Eu pulei fora da cama e o sol já deu sinal.

O dia já rompe cedo, despertador é o pardal.

Mês acaba no começo, nada de comprar os trem.

E pra receber o ganhame, dia certo nunca vem.

a banha se acabou toda, o café? Esse não tem.

Governo estica o braço, dá depois toma também.

É só fechar a semana, que o bar abre pras timbucas.

pândegos, confusão e cachaçada, e cacetada na cuca.

Mulher querendo dinheiro, com vara curta cutuca.

Vê o bolso liso feito pedra, se descabela maluca.

No armazém a coisa tá preta. contas viram coleção.

O dono escorrega do fiado, menino vai atrás do pão.

comprou foi doce, o danado! Levou do pai um safanão.

Que esticou lá pro agiota, pra se afundar num buracão.

Eita mês que nunca acaba! Sumidos, estão os cobres.

E o peão maquinando, e por mais que se desdobre.

consegue conduzir a postura de uma vida nada nobre.

De se manter sobrevivendo eternamente pobre.

Pacomolina
Enviado por Pacomolina em 17/02/2021
Reeditado em 18/02/2021
Código do texto: T7186311
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