AS TROVAS DO SILÊNCIO
“A descida aos Infernos”
Paira um silêncio premente
Pelas ruas da amargura
Só não topa quem não sente
Os meandros da vida dura.
Toda a cidade ´stá deserta
Em dor d´ alma descontente
Entre gente circunspecta
Paira um silêncio premente.
As falas são temerosas
E revestem-se de tortura
Há distâncias cautelosas
Pelas ruas da amargura.
Ninguém conhece ninguém
E, se conhece, desmente
Naquela máscara que tem,
Só não topa quem não sente.
Silêncio é a regra que fala
Em chega-pra-lá de agrura,
O medo revela-se e instala
Os meandros da vida dura.
Os dias parecem noites
As horas abrem feridas
Circulam vírus e açoites
Nas ruas e nas avenidas.
- Não se importa, você aí,
Onde peço informação?
Ninguém responde e eu senti
Um baque no coração…
Cheira mesmo a Pandemia,
Com ideias e desgovernos,
É – fora toda a fantasia –
Uma descida aos Infernos.
Comércio todo fechado,
À parte os comes e bebes,
Há que viver condicionado
No meio de quatro sebes.
Para quando a liberdade
E a sadia regeneração?
Que responda a sanidade
D´ Operacionais da Nação.
Ele há falta de lucidez
E até mesmo d´ instrumentos,
Ninguém suporta a escassez
Da falta de conhecimentos.
Qual serpe num labirinto
Há, todavia, corrupção;
É este o Inferno sucinto
Que desliza de mão em mão…
E vai assim, de vento em popa,
O miserando confinamento
É mau brincar-se co´ a tropa
À espera de descarrilamento.
E diz-se: chegaram vacinas! –
Não se sabe… para quem? –
Talvez espreitando às esquinas
Topa-se uma em cada cem.
As falas do triste Silêncio
Na barcaça das emoções
Queimam o juízo e o senso
Co´ a Justiça aos tropeções.
Ninguém procure a Virtude
Na esperança d´ algum auxílio
Que, desta Nação, a saúde
Foi-se embora para o exílio!
Frassino Machado
In TROVAS DO QUOTIDIANO