A MATANÇA DE AZAMBUJA
“Trovas da Hipocrisia”
- Eu não sei nada, de Nada
Desta Hipocrisia suja,
A matança foi empolada
Na herdade de Azambuja!
Um bando de caçadores
Veio das terras de Espanha
Com epidemia d´ horrores
Nesta matança tamanha.
Na Herdade da Torre Bela,
Como cadáveres amontoados,
Estão num campo de batalha
Javalis, gamos e veados.
Dizem que foram espanhóis
Contratados pra caçada,
Qu´ não olharam aos dói-dóis
Nem aos custos da chumbada.
Os “Monteros de la Cabra”
Não vieram às cabras, não,
Fizeram “limpeza” macabra
Numa herdade de eleição…
“- Não temos culpa nenhuma,
Nesta triste foleirice
Foi um equívoco, em suma,
E não vemos vigarice!”
“- Trata-se de vulgar montaria,
Baixo-preço e tradição;
É desporto em folgazia,
Não é vigarice, é paixão!”
Lei da caça não sabe nada,
Se há crime ou traição…
É matança desavergonhada
Que anda aí do pé pra mão…
Os Reguladores? Logo esses…
(Todos sabem como é…)
Fecham os olhos a interesses:
- Deixem lá, que ninguém vê!
Afinal… toda a gente viu
Tal farsa, tal manigância…
- O mundo-animal sumiu?
Foi desta vez, não há crise!
O “ócio virou matança” –
Ninguém se queixa da mágoa –
Num bom prato de balança
É tempestade em copo d´água.
Este ócio, ócio… é negócio
Nesta justiça de zarolhos,
E vêm políticos “de sacerdócio”
Aos cidadãos tapar os olhos!
- Coitados daqueles animais,
No fundo são inocentes,
Esta matança (e outras mais!)
Não cabe nas curtas mentes.
Foi no país, em Azambuja
Criminosa escandaleira,
E há lavagem de roupa-suja
Pra justiça morrer solteira…
Pior matança foi em Belém –
Lá, sim, foi uma razia –
Agora, aqui? Fica tudo bem!?
- Já basta de Hipocrisia!
Frassino Machado
In TROVAS DO QUOTIDIANO