AUTORETRATO
Pintei o meu rosto
Com todas as tintas
Vi nele o desgosto
Não há quem não sinta
Na face estampada
Vida estagnada
Monótona e sucinta!
Desenhei meu retrato
Com traços marcados
Vi nele o relato
Sombrio do passado
No contorno que existe
Parece tão triste
Martírio dobrado!
Tentei tudo enfim,
Mostrar como eu sou
Um pouco de mim
Desde que começou...
Memórias da infância
No peito a ânsia
Que nunca acabou!
Fiz de cada poesia
Uma razão bem maior
Sonhos e fantasias
O perfume da flor
Nas tardes vazias
Nas noites sombrias
Buscava o amor!
Mas nunca o tivera
De mim se escondeu
E na primavera
Com ela morreu
Deixou-me tão só...
Desconsolo sem dó
Partiu, não viveu!