HOLOCAUSTO FINAL
“Trovas do medo”
Foram dias negros de agosto
Em que o terror desceu à terra
Espalhando por cada rosto
O que de pior tem a guerra.
Setenta e cinco anos passaram
Mas nunca passou o horror
Do medo que interiorizaram
Na medula da alma e da dor.
Foi Hiroshima, foi Nagasaki,
Foi o povo das duas cidades,
As vítimas do triste alibi:
Fazer bem com duas maldades…
A “rapazinho” e a “gordaças”,
Foram as bombas do inferno
Que espalharam as mil desgraças
Mascaradas de um medo eterno.
A Little Boy e a Fast Man,
Como dois brinquedos de sorte,
Foram jogados com intenção
De semear nas cidades a morte.
Cidades escolhidas a dedo,
Entre muitas cidades iguais,
Foi este o demoníaco segredo
Pra derrotar os Samurais.
“Importa que a Guerra acabe
Pois nunca há duas sem três”,
Eis aqui o argumento que cabe
Na rendição de uma só vez…
Foi assim que o Império caiu
E, por entre brumas e nevoeiro,
Todo aquele povo submergiu
Num humilhante cativeiro.
Holocaustos sempre houve na história,
Mas nunca, desta forma, brutais
E nenhuma justiça fez memória
Ajuizando tais Maiorais…
Ó trovas minhas, denunciai
Esta impunidade fatal
E vós, humanos, retirai
Lição, deste holocausto final!
Frassino Machado
In RODA-VIVA POESIA