AMORES PROIBIDOS

Na banheira sob a bruma

De um boxe embaçado,

Num morno banho de espuma,

Estão dois apaixonados

Seu amor é proibido,

A sociedade olha feio,

Enquanto ferve a libido,

O preconceito no meio

Seus olhares se cruzaram.

Neles o brilho surgiu

E os dois se enamoraram.

É pecado, alguém viu?

Pecado é esconder o amor

Que nasce espontaneamente.

Atrás do espinho, a flor

Desabrocha livremente.

Nesse banheiro, escondidos,

Ocultam seu próprio drama,

Vivem um amor bandido,

Que não apaga a chama.

Escondem-se da hipocrisia

De mentes alienadas

Que, em plena luz do dia,

Tem bandeira desfraldada

Mas, na calada da noite,

Silêncio da madrugada,

A língua se torna açoite;

A alma é depravada.

São os falsos moralistas

Que apresentam duas caras.

Sob máscaras cultistas,

Escondem as suas taras

E causam o sofrimento

De corações inocentes,

Transferem os seus tormentos

E não libertam suas mentes.

Enquanto a obscuridade

De um amor que não se cala

Extravasa a liberdade,

Mesmo não estando na sala.

Quanto amor bitolado

Guardado dentro do peito

Por conceito arraigado.

Será que ainda tem jeito

De provar pra humanidade

Que os direitos são iguais?

Mas há uma grande verdade:

Uns amam pouco, outros mais!

Poema publicado no e-book Trovas de Banheiro (2016)

Cleusa Piovesan

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Cleusa Piovesan
Enviado por Cleusa Piovesan em 06/08/2020
Código do texto: T7027633
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